Lugares de belezas naturais, importância histórica e ainda cenários de Game of Thrones
Pernoitei na noite anterior em uma estrada de cavalos. Na Islândia, algumas estradas de terra seguem paralelas às estradas asfaltadas para deslocamento de cavalos. Foi uma noite tranquila em lugar isolado (no post anterior eu dei a localização), então comecei o dia cedo para conseguir cumprir o planejamento que estava cheio.
CAVERNA VIDGELMIR
Pensei em visitar a Vidgelmir Cave, cheguei ir até o local, mas pesquisando, descobri que apesar de ser uma das maiores cavernas da Islândia, não tinha nada de atrativo, pelo menos para mim. É cobrada uma taxa de acesso e as visitas são guiadas. Me pareceu algo "para turista ver". Olha o texto do site da caverna: "(acesso) fácil e agradável, graças à nosso caminho aberto na rocha se tornou familiar. Levando de um grande salão para o próximo, o caminho é levemente iluminado através desse submundo mágico." 😒. E o preço? 6.500 ISK, cerca de 65 USD por 1h30min de tour. Desisti de entrar e parti para a próxima atração.
Entrada da Vidgelmir, intitulada The Cave
HRAUNFOSSAR E BARNAFOSS
Desde a caverna Vidgelmir foram 15 km percorridos até a área das cachoeiras Hraunfossar e Barnafoss. Ali existe um bom estacionamento perto de um bar-restaurante que ainda vende uns poucos souvenires. Veja aqui a localização no Google Maps. A poucos metros do estacionamento está a Hraunfossar, uma incrível queda d´ água que flui debaixo de rochas formadas num campo de lava e deságua no Rio Hvítá. Possui uma largura aproximada de 1 km e pode ser vista por um mirante na margem oposta do rio.
A cachoeira Hraunfossar surge incrivelmente do interior das rochas
Seguindo alguns metros pela trilha na margem do rio, se chega na Barnafoss (cachoeira das crianças). A história desse local é trágico. Diz a lenda que em um dia de natal as pessoas de um vilarejo foram todas assistir a missa em uma igreja longe dali, exceto duas crianças que ficaram em casa. Ao voltarem, perceberam que as crianças haviam sumido e que deixaram pegadas até a margem do rio. Descobriram então que elas foram até uma pedra em forma de arco que era usada como ponte e acabaram caindo, morrendo afogadas. O arco foi destruído para evitar novas tragédias. Em 1891 foi construída uma ponte que existe até hoje no local.
Cachoeira em forma de corredeiras com beleza e violência
Hoje existe uma ponte que atravessa rio Hvítá
Vários mirantes permitem os melhores ângulos desse lugar lindo
REYKHOLT
Numa distância aproximada de 18 km (15 min) desde Hraunfossar/Barnafoss, está a pequena vila histórica de Reykholt (veja a localização no Google Maps) onde hoje se localiza Snorrastofa, um centro de estudos medievais em homenagem ao historiador, poeta e político chamado Snorri Sturluson que morou ali. Ele produziu trabalhos de poesias e imagens sobre a mitologia nórdica. Também é lugar de atividade geotérmica, cuja principal fonte termal é a piscina Snorralaug (piscina de Snorri) que existe desde o século 10.
A Snorralaug é uma piscina de águas termais e principal ponto histórico (proibido banhar-se)
A personalidade histórica islandesa Snorri Sturluson
Fundação da suposta casa de Snorri
Pequeno cemitério medieval no centro da vila
Snorrastofa é o local onde funciona o museu do centro medieval
Eggertsflöt ou gramados de Eggert
Simulação de uma casa medieval de roça
Apesar de pequena, Reykholt é uma das vilas mais importantes historicamente no país
Skógargötur, a área que foi reflorestada nos anos 30 com árvores nativas
USINA DE ALUMÍNO
O alumínio é uma das principais matérias primas exportadas pela Islândia. Foi no meio da viagem que surgiu a ideia de visitar a Nordural, uma usina de alumínio que, segundo o site, era aberta para visitação. Me desloquei 64 km desde Reykholt até a vila de Grundartangi onde funciona a usina. Veja a localização no Google Maps. Assim como na usina geotermal de Krafla, que eu havia visitado, esta também não tem barreiras físicas na entrada, o que denota a ausência de ameaças no país. Ao chegar na recepção e falar que eu estava lá para a visitação, a recepcionista fez uma cara de assustada e foi perguntar algo para alguém. Depois voltou e falou que tinha que ser agendado com antecedência. Eu acho que, na verdade, ninguém nunca apareceu para visitar aquele lugar... de qualquer forma, se mais algum louco quiser tentar a sorte, deixo a dica de enviar um e-mail com antecedência para solveig@nordural.is
Nordural, a usina de alumínio
THORUFOSS
Saindo da usina de alumínio, peguei mais 70 km de estrada em busca da pouco conhecida cachoeira þórufoss. O caminho mais rápido (48 km) é seguindo pela esquerda ao sair da área da usina, porém passa por um túnel subterrâneo com pedágio. Preferi seguir pelo caminho mais longo. A cachoeira þórufoss não era turística e nem ficava numa estrada bem sinalizada, mas seus dias de anonimato estão contados pois foi usada como cenário da série Game of Thrones, como a casa da "Criança da Floresta".
A cachoeira está no rio Laxá í Kjós de 25 km de extensão
A þórufoss mede 18 metros de altura
Cheguei na área dessa cachoeira isolada, sem nenhum turista, com a missão de descobrir o ângulo exato onde a cena foi filmada em Game of Thrones. Apesar do vento forte daquele dia, a missão foi cumprida. Tenho certeza que depois da minha visita a cachoeira passará a ter dias de badalação turística. Veja aqui a localização no Google Maps.
A cachoeira foi cenário da série Game of Thrones da HBO
Consegui achar o local exato da filmagem
THINGVELLIR
De þórufoss, segui para o meu último destino do dia, o Parque Nacional Þingvellir, que fica a apenas 20 km de distância (19 min). Veja aqui a localização no Google Maps. Este é o lugar que sintetiza a história da Islândia como nação. O nome Þingvellir significa "Planícies do Parlamento" e foi ali que a assembléia geral de Alþing foi estabelecida por volta do ano 930 d.C. e continuou a se reunir até 1798. O Alþingi foi o primeiro parlamento democrático do mundo e se reunia anualmente. O legislador era chamado Lögmaður (homem das leis). Além da proclamação de leis, Alþing também era local de julgamentos criminais. Até a independência islandesa foi proclamada neste lugar em 17 de junho de 1944.
Grandes eventos na história da Islândia ocorreram em Þingvellir
Local usado pela assembléia geral de Alþing
Mas não é apenas pela importância histórica que o Þingvellir chama a atenção. O parque está numa área localizada entre as placas tectônicas norte-americana e eurasiana, cujas fendas ou falhas podem ser claramente vistas, sendo a maior chamada Almannagjá, formando um cânion. As placas tectônicas se afastam em aproximadamente 2,5 centímetros por ano. Além disso, Þingvellir está na margem norte de Þingvallavatn, o maior lago natural da Islândia. Outra atração é a fissura de Silfra, um local de mergulho famoso mundialmente e que seria o meu objetivo do dia seguinte.
Passarela desce por entre as placas tectônicas
As placas tectônicas se afastam por cerca de 2,5 cm ao ano
As paredes possuem pedras com formas diferentes feitas pela erosão
Vários cursos d´água alimentam o Þingvallavatn, o maior lago natural da Islândia
E se não bastassem todos esses motivos para as pessoas visitarem Þingvellir, o lugar também foi usado como cenário de Game of Thrones. Para achar o local exato em que foi feita a cena, tive que encontrar primeiro a cachoeira Öxarárfoss que mede 7 metros de altura e fica a 1,7 km de caminhada a partir do centro de visitantes. A trilha é bem fácil de andar. Depois de achar a cachoeira (que é bonita e vale a pena uma parada) basta seguir no sentido oposto no caminho por entre as paredes de placas tectônicas até a parte que fica mais estreita. A cena foi filmada nesse trecho final.
Trilha fácil de andar por entre as placas tectônicas em direção à cachoeira
A bela cachoeira Öxarárfoss de 7 metros de altura
Segui pela trilha no sentido oposto à cachoeira até o final
Nessa parte, as paredes das placas ficam mais próximas
Cena de Game of Thrones em Þingvellir
Descobri o local da filmagem de GOT
A entrada no Parque Nacional Þingvellir é livre, a única taxa cobrada é para estacionamento. Sabendo disso, estacionei o carro de graça na estrada, em um recuo de placas de informação com mapas da área. Depois segui andando mais de 1 km até o parque. Antes do pôr do sol, retornei ao carro e segui para um ponto isolado na estrada onde eu pudesse estacionar e passar a noite dormindo próximo do parque (veja aqui o local), pois no dia seguinte seria a minha vez de entrar nas águas geladas de Silfra.
VEJA O VÍDEO
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