Depois de rodar de carro pelas estradas italianas desde Assis, enfim
eu chegava em Pisa já próximo de meia noite. O GPS do carro me
levou para próximo da área da famosa torre, mas eu não entrei
pelas muralhas devido ao controle de acesso que pode gerar multas.
Estacionei em frente ao Hostel Pisa Tower e
fui ver se tinha vaga para o pernoite. A resposta foi negativa. Dei
uma volta andando pela rua e não achei nenhum outro hostel.
Já era tarde e eu não encontrava local para dormir em plena cidade
de Pisa, o que fazer? Bem, esquecer os problemas e apreciar a Torre!
Foi o que eu fiz. Fui caminhando até o local onde encontraria a
Torre de Pisa toda iluminada, contrastando com uma cidade pouco
conservada em sua arquitetura histórica.
Não havia quase ninguém na Torre (quase, exceto um casal
de lésbicas se agarrando. Deve ter sido um momento romântico entre as duas!). A área estava bem diferente do que eu encontraria na
manhã seguinte, onde se formam filas quilométricas de pessoas de
todos os cantos do mundo.
MAIS UM PERNOITE SEM HOSPEDAGEM
Como eu não encontrei hospedagem, e não estava com disposição
para procurar, resolvi unir o útil ao agradável e economizar mais
uma diária dormindo no carro, como eu fiz na noite anterior em
Assis, o problema seria achar uma rua
segura e tranquila para estacionar. Achei uma ruazinha ao lado de
uma escola. Agora era só encarar o frio da noite europeia e
descansar.
Já que eu não costumo ter problemas para dormir, só acordei pela
manhã quando começou o movimento de pais e crianças chegando para
as aulas. Mantive a posição de sono, até que chegou um guarda de
trânsito multando os carros estacionados sem autorização. Quando
percebi que ia sobrar para mim, pois já eram 8h (normalmente o
estacionamento só é livre nessas áreas centrais de 20h às 8h,
depois é tarifado), eu dei partida para outro canto.
Encontrei uma vaga em frente a um condomínio na Via
di Pratale. Alguns metros a frente de onde estacionei, no
número 12, ficava uma lanchonete que servia comida barata e, o
melhor, possuía banheiro onde eu aproveitei para regular minhas
necessidades e ainda escovar os dentes.
CIDADE DE PISA
Entrei caminhando através das muralhas do centro histórico,
seguindo a Via Giovanni di Simoni, até o Rio Arno onde estão as
construções mais antigas. Pisa já foi localizada a 4 Km do mar, ficando no foz do Rio Arno. Diz a lenda que foi no Porto de Pisa que São Pedro desembarcou para pregar o evangelho, tendo daí seguido para Roma.
Essa parte da cidade possui uma arquitetura com construções velhas e desgastadas mas que se torna bela em seu conjunto, assim como acontece em Veneza. Lá percorri o trecho entre duas pontes sobre o Rio passando pelo prédio histórico da Prefeitura, Palazzo Medici, Museu Nacional de San Matteo, Palazzo Toscanelli, Arquivo do Estado, Palazzo Lanfranchi, até chegar na área do Palazzo Gambacorti, onde funcionava uma feira de livros.
Essa parte da cidade possui uma arquitetura com construções velhas e desgastadas mas que se torna bela em seu conjunto, assim como acontece em Veneza. Lá percorri o trecho entre duas pontes sobre o Rio passando pelo prédio histórico da Prefeitura, Palazzo Medici, Museu Nacional de San Matteo, Palazzo Toscanelli, Arquivo do Estado, Palazzo Lanfranchi, até chegar na área do Palazzo Gambacorti, onde funcionava uma feira de livros.
Vale a pena dar uma volta no Centro Histórico que é distante da Torre
Pisa já foi uma cidade banhada pelo mar e surgiu na foz no Rio Arno
O Rio Arno é o mesmo que banha Florença
De repente me liguei que a reserva online que eu havia feito para
subir a Torre de Pisa falava que eu deveria “chegar com 20 min de
antecedência, sob risco de perder a entrada”. Estava longe e
atrasado! Atravessei a ponte e segui pela Borgo Stretto (uma
bonita rua histórica) correndo até o final e virei a esquerda: Lá estava a
lendária Torre outra vez!
TORRE PENDENTE
A visitação ao interior da Torre Pendente, ou Torre de Pisa como é
mundialmente conhecida, é realizada através de grupos guiados e com
hora marcada. Dependendo da época do ano é recomendável reservar
pela internet a entrada através do site da Opera della Primaziale Pisana (opapisa). Clique aqui para reservar.
Em abril, a visitação finciona de 8h30 às 20h30, subindo grupos
pequenos de 10 pessoas a cada 15 min. Mesmo reservando pela internet,
deve-se levar o bilhete eletrônico e apresentá-lo na bilheteria
para confirmar se está ok. Depois colocar mochilas ou bolsas num
guarda volumes ao lado (sem custo) e aguardar na porta da torre o
horário de entrada.
Ao fundo está o centro de visitantes para a compra do ticket e guarda de bolsas
Aqui também tem um monumento símbolo da lenda de Rômulo e Remo que foram amamentados por uma loba
A Torre foi construída com mármore branco em três etapas num
período de 177 anos. A inclinação começou na construção do
terceiro andar em 1178 devido à fundação de apenas três metros
sobre um solo instável. Com o passar dos anos a inclinação foi
aumentando e havia o risco de que a torre viesse a cair.
Em 1990, a Torre foi fechada ao público para restauração e trabalhos de engenharia para manter sua estabilidade. Somente em 2001 foi reaberta com a garantia de 300 anos de fundações estáveis dessa vez!
Em 1990, a Torre foi fechada ao público para restauração e trabalhos de engenharia para manter sua estabilidade. Somente em 2001 foi reaberta com a garantia de 300 anos de fundações estáveis dessa vez!
A Torre Pendente de Pisa
Fila de espera para a subida na Torre. Consegui ser o primeiro do meu horário
Aquece para subir 295 degraus!
A visita começa com uma rápida explicação de seu histórico pelo
guia, após isso todos são convidados a subir a escadaria até seu
topo (são 296 degraus até uma altura de 55 metros aproximadamente
do nível do solo). Também ali em baixo está um aparelho para medir
a inclinação da torre.
A guia faz uma rápida explicação de toda a engenharia que envolve a história da Torre
Aparelho para a medição da inclinação
Ao iniciar a subida percebi uma
placa em homenagem a Galileu Galilei. Diz a lenda (teria sido contada
por um secretário do próprio cientista) que Galileo deixou
cair duas balas de canhão de massas diferentes do alto da torre para
assim demonstrar que a sua velocidade da descida não dependia da
massa.
Os degraus sobem em espiral e possuem uma característica
interessante: estão desgastados nos pontos em que as pessoas mais
pisam. Logo me veio a mente a quantidade de pessoas que passaram por
ali ao longo de toda a história. Outra coisa interessante é
perceber que a Torre é completamente oca, sem andares, até seu
topo, coisa que quem observa por fora não percebe.
Subida em espiral pelas escadas
Degraus gastos de tanta subida e descida ao longo dos tempos
A Torre é oca e possui um contrapeso de metal para balancear sua inclinação
No alto da Torre estão seus 7 sinos antigos que só desceram daquela
posição durante os anos de reforma. Estão sintonizados na escala
musical, no sentido horário. Um deles com motivos de suásticas
contínuas (até aqui!).
Chegando no topo da torre torta e pegando um ar
No alto, a bandeira de Pisa
Sete sinos, sete notas musicais
Cada sino tem um estilo de decoração
Detalhe do cabo para aterramento de pára raios
O melhor lá do alto, é claro, é a
vista panorâmica, cobrindo toda a cidade de Pisa e a sua Piazza
dei Duomo lotada de
turistas de todos os cantos do globo. Por falar nisso, o Duomo
(catedral) é um show de beleza arquitetônica a parte, totalmente
sintonizada com a Torre. Imagens falam mais que mil palavras:
Do alto se tem uma visão de 360 graus da região
Deste ângulo se pode observar a quantidade de pessoas tirando suas tradicionais fotos com a Torre
As muralhas da cidade histórica são visíveis
O monumento da Opera de Piza
Muitas pessoas passam o dia admirando a Torre
Detalhes da cúpula do Duomo
Todas as construções entram em sintonia arquitetônica
As colunas do Duomo acompanham o estilo da Torre
A pacata cidade de Pisa
CAMPO DEI MIRACOLI
Também conhecida como Piazza del Duomo, esta praça que em português
significa Campo dos Milagres, possui este nome por concentrar
diversos monumentos religiosos antigos como a Catedral
(Duomo), o Batistério e a Campanile (Torre
Sineira), além de outros grandes monumentos antigos como o
Camposanto (Cemitério), o Hospital, o Museu
del’Opera del Duomo e as instalações da Opera del Duomo
que foi fundada originalmente para a construção de todo o campo e
que agora faz a manutenção e administração do conjunto.
Mesmo não tendo características excêntricas como a Torre, as demais atrações do Campo dei Miracoli valem a pena conhecer
Batistério de São João
Com o ingresso que comprei para subir na Torre, também tive direito
a visitar a Catedral, e eu me surpreendi. Na minha opinião, sem dúvidas essa foi a
igreja com o interior mais bonito de todas as que eu vi na Itália. Tudo
é muito interessante e cheio de detalhes artísticos.
A imponência do interior do Duomo logo na entrada
Detalhes dourados do teto são impressionantes
Capela-mor com o mosaico do Cristo Pantocrator
A partir de 1700 o interior do templo começou a ser redecorado com novas pinturas e relevos
SÃO RANIERI, O PADROEIRO DOS VIAJANTES
Dentro do Duomo está a capela de São Ranieri e sua urna. Diz a lenda que o pisano Ranieri Scacceri, aos dezenove anos de idade, impressionado com a vida miserável dos
pobres da cidade e percebendo a inutilidade de sua vida, decidiu mudar e ingressar no Mosteiro de São
Vito, apenas como irmão leigo. Permaneceu lá até os 23 anos recolhido como
solitário e então doou toda a sua fortuna aos pobres e partiu
em peregrinação à Terra Santa, onde permaneceu por quase 14 anos.
Viajou por todos os lugares santos de Jerusalém e a Palestina. Foi
nessa ocasião que sua virtude taumatúrgica para com os pobres passou a
manifestar-se. Vestido com roupas pobres, vivendo só de esmolas, Ranieri
lia segredos nos corações, expulsava demônios, realizava curas e
conversões. Após esse tempo, retornou a Pisa onde morreu 7 anos depois. Foi canonizado pelo papa Alexandre III e proclamado padroeiro dos viajantes e da cidade de Pisa.
PÚLPITO DE GIOVANNI PISANO
Também no Duomo se encontra o belo Púlpito esculpido por Giovanni Pisano (1302-1310) no lugar do original que foi tranferido para a Catedral Santa Maria di Castello, em Cagliari. O teto da igreja é todo de ouro esculpido em ouro, sendo um dos principais motivos da arte exótica que se vê por aqui.
HORA DE SE DESPEDIR DA TORRE
Urna de São Ranieri o padroeiro dos viajantes e de Pisa
Seria um santo mochileiro?
PÚLPITO DE GIOVANNI PISANO
Também no Duomo se encontra o belo Púlpito esculpido por Giovanni Pisano (1302-1310) no lugar do original que foi tranferido para a Catedral Santa Maria di Castello, em Cagliari. O teto da igreja é todo de ouro esculpido em ouro, sendo um dos principais motivos da arte exótica que se vê por aqui.
O púlpito esculpido por
Giovanni Pisano (1302-1310), filho do famoso escultor Nicola Pisano.
Figuras de leões sustentando os pilares do púlpito
A tradição desta época fazia com que animais fossem representados aos pés dos pilares, como se pode ver em outras obras
HORA DE SE DESPEDIR DA TORRE
Em 1987, todo o complexo da Torre de pisa foi declarado Patrimônio
da Humanidade pela UNESCO, nada mais justo. Para fechar o passeio e contribuir para a preservação desse patrimônio, tive que ajudar a
“segurar” a Torre de Pisa para evitar que caia e, é lógico,
tirar a tradicional foto!
Placa da UNESCO em que todo o complexo é declarado patrimônio cultural da humanidade
Foto tradicional sustentando a Torre caída
PARTIDA PARA VINCI
Pisa é o tipo de lugar que se pode conhecer numa manhã. Embarquei no carro alugado e segui para o interior da Toscana. Dessa
vez para chegar numa pequena cidade que poucos turistas conhecem a 63
Km dali: Vinci! Acho que nem preciso falar de qual grande personalidade
essa cidade foi a terra natal...
Leia mais em: Vinci
GASTOS (abril 2014)
- Colazione – 4,10 euros
- Entrada da Torre de Pisa – 18 euros (comprados na internet)
- Lanche para a viagem – 4,15 euros
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