Chapada Diamantina: Rampa do Caim - O incrível mirante da Chapada

A trilha mais importante de Igatu 


A trilha para a Rampa do Caim estava no meu roteiro na passagem pela Vila de Igatu e eu já havia me preparado em baixar o percurso no meu GPS, porém, ao conhecer o Sr. Humberto, o guia na visitação da Gruna que eu contei no relato anterior (aqui), acabei acumulando algumas dicas dele sobre o caminho.

Para achar o início da trilha, vindo da praça central da vila, se deve seguir a rua principal até chegar na Rua do Bambolim que é a mesma rua que termina na Gruna. Igatu é uma vila minúscula, não há como se perder. A trilha começa atrás do campo de futebol à direita, antes de chegar na casa do Sr. Humberto (entrada da Gruna).


Placa de pedra na casa de pedra na rua de pedra (!)


O campo de futebol visto a partir da casa do Sr. Humberto


TRILHA PARA O MIRANTE

A trilha tem aproximadamente 5 Km só para chegar lá e demora em média umas 2h30 se fazendo bem tranquilo. A maioria das pessoas faz pela parte da manhã para não ter o perigo de escurecer retornando pela trilha. Como meu tempo era curto na cidade, tive que arriscar iniciar depois de 12h30 da tarde. 

Pedras esculpidas pela natureza fazem a beleza da trilha


Logo no começo, a trilha passa pela Toca do Seu Binha, um ex-garimpeiro que ainda vive de forma natural. O Programa Mais Você fez uma reportagem com este personagem real de Igatu em 2013 na qual retrata sua rotina. Veja a reportagem completa aqui.

A "casa" do Seu Binha se tornou um ponto turístico de Igatu


A trilha pois várias bifurcações e trechos difíceis de identificar o caminho. Fazer sem guia realmente é complicado, mas como eu tinha o GPS me guiando confiei, mas o trajeto estava pouco preciso, com erro de mais de 30 metros. Tentei continuar seguindo com atenção. Foi então que o GPS me levou para o Poção, uma área alagada de garimpo.

Uma das bifurcações leva ao Poção, ponto de interesse no caminho para a Rampa


Apesar do dia nublado a paisagem rocha+vegetação se destaca no caminho


A passagem pelo Poção estava prevista na rota, assim como o Sr. Humberto havia me alertado. Logo o GPS me direcionou de volta a trilha em direção a Rampa. O Sr. Humberto também havia comentado um caminho errado que iria para a área do "Come Gente". No início eu tive pensamentos libidinosos, mas logo ele me explicou que era um lugar que já sumiu bastante gente. Fiquei curioso sobre esse lugar, talvez num futuro eu tivesse tempo para explorá-lo. 

A trilha segue pouco nítida em alguns pontos


Teia de aranha com gotículas de chuva que brilham como diamantes


Água criando o efeito de prata em algumas poças


Em um grande trecho a vegetação mostra evidências de incêndio, provavelmente provocado em estações mais secas. A natureza como sempre surpreende e se recupera. Nesse trecho, ao passar por caminhos de pedra, perdi a trilha e acabei seguindo para o lado errado. Ao perceber, liguei o GPS e vi a direção correta, mas ao invés de voltar, tentei cortar em linha reta e começou uma aventura, pulando entre pedras, até que uma delas quebrou e eu caí. No final voltei para a trilha ralado e sujo de carvão da queimada.

A vegetação queimada se recupera


Fiquei mais sujo com o carvão do que eu estava antes


Cruzei com um grupo de gringos que retornava na trilha. O guia que estava com eles veio me perguntar se eu estava fazendo aquela trilha sozinho e que já estava tarde. Agradeci a preocupação mas expliquei que estava guiado pelo GPS. Ele mal sabia o tanto de perrengue eu já havia passado na Chapada até então.

Obras de arte da natureza distribuídas no caminho selvagem


ABRIGOS DE PEDRA PELO CAMINHO

Na trilha para a Rampa do Caim passa por dois grandes abrigos de pedra para o pernoite dos trilheiros que vem ou vão para longe. Segundo o Sr. Humberto havia me explicado, a Rampa do Caim é caminho para fazer a travessia na Chapada, podendo chegar no Vale do Pati a partir dessa trilha. Dependendo do ritmo e do objetivo de quem usa a trilha, os abrigos são bastante úteis para passar períodos de descanso.

O primeiro abrigo a partir de Igatu. É construído aproveitando as grandes rochas como teto


O interior do abrigo é como uma casa


Este segundo abrigo tem até área de cozinha


Apesar de mais aberto, abriga grupos maiores guiados pela Chapada


A VISTA DA RAMPA DO CAIM

Enfim a chegada no objetivo final. Apesar de ter me perdido em alguns trechos, fiz a trilha sem parar por causa do horário avançado. Quando se chega no primeiro mirante todo o cansaço desaparece com a vista incrível.

Vista do primeiro ponto de observação da Rampa do Caim


Hora de parar e ouvir o silêncio


Seguindo à direita do primeiro mirante, existem outros pontos de observação. A trilha então começa a descer e ali era meu ponto final, afinal, como eu disse antes, a partir da Rampa do Caim existe uma trilha que continua para dentro do Parque Nacional em direção ao Vale do Pati, passando pelos cânions. E por falar em cânions, a vista daquele mirante sobre o Vale do Pati e do Paraguaçu é coisa de cinema!

Visual incrível dos cânions


As águas escuras contrastam com as pedras lá embaixo


RETORNO SOB CHUVA

Aquele silêncio da natureza criava uma atmosfera de paz e tranquilidade... por pouco tempo. O silêncio foi quebrado por um trovão que ecoava de longe e anunciou a nuvem de chuva que se aproximava da montanha onde eu estava.

A nuvem se aproximou rapidamente e eu acelerei o retorno


Não era a nuvem que estava baixa e sim eu que estava alto

Parece que foi combinado, mas todo o tempo foi cronometrado. Se eu tivesse chegado mais tarde na Rampa do Caim teria perdido a visibilidade da paisagem devido a nuvem que cercou o local. A chuva chegou e mais uma vez coloquei o poncho e continuei seguindo o caminho. Terminei molhado do mesmo jeito.

A chuva não estragou a beleza do lugar


Até com a vegetação queimada e com chuva a paisagem combina e se destaca


Essa pedra me lembrou uma lenda de dois lagartos que se petrificaram antes do beijo


E não é que achei um trono de pedra para me divertir sozinho?


No final tudo dá certo e eu enfim chegava na cidade em ruínas que eu havia partido. A programação seria comer e dormir na minha barraca até a próxima aventura que me esperava para o dia seguinte que era chegar em Lençóis, a maior cidade da Chapada que ficava a mais de 100 Km de onde eu estava

De volta à Vila de Igatu e suas ruínas do passado do garimpo



MEU ROTEIRO


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Roteiro completo: MISSÃO CHAPADA DIAMANTINA



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Comentários

  1. Muito bom texto sobre a trilha. Ainda farei.
    Só uma observação, Lençóis não é a maior cidade da Chapada e está longe de ser. A maior é Seabra, seguida por Morro do Chapéu e Iraquara. E dentre os 24 municípios ainda temos outras maiores do que Lençóis, como Utinga, Piatã, Ibicoara, Bonito, Boninal, Iraquara, Tapiramutá, Souto Soares...

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  2. Divera. Mas valeu pelo relato. Muito legal.

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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.