Aconcágua: Adaptação à altitude na Plaza Francia

O trekking de aclimatação até o mirante da Parede Sul da montanha



A Plaza Francia é um campo base não convencional localizado na Parede Sul do Aconcágua. É o lugar que permite a melhor vista daquela que é a montanha mais alta das Américas, mas não é um local bem recomendado para escalar até seu cume, pois muitos já morreram tentando subir suas íngremes encostas. O trekking até a Plaza Francia (4.200 m), porém, é tradicional para todos que pretendem subir até a Plaza de Mulas (4.300 m), o campo base mais comum do Aconcágua. Essa trilha ajuda a aclimatar, usando a técnica de "trabalhar no alto e dormir no baixo", ou seja, ida e volta faz o organismo começar a produzir hemácias para suportar um ambiente com menor quantidade de oxigênio. Teoricamente, quando a pessoa se elevar novamente, já estará aclimatada.


TREKKING PARA A PLAZA FRANCIA

Acordei cedo, mas esperei o sol aparecer para aquecer um pouco aquele ambiente gelado e sair da barraca. No dia anterior, perguntei ao guardaparque qual era o melhor horário para começar essa caminhada e ele disse que era entre 8h e 9h da manhã. Comecei a andar somente às 9h30!

Difícil sair da barraca antes do sol iluminar o acampamento frio


As mulas também começam a caminhada diária levando e trazendo material


É o tipo de trilha que se faz leve, levando apenas uma mochila de assalto, pois no final do dia eu estaria de volta a Confluência. Levei apenas minha bolsa com água, comida para o almoço, barras de proteína, um casaco, câmeras fotográficas e o GPS com o tracklog da trilha. A trilha não é difícil de se manter orientado, nem chega a ser necessário o GPS, somente no início deve-se saber a direção certa de iniciar a caminhada, mas nada que o guardaparque não possa explicar. A trilha começa com uma descida e depois sobe, são as partes mais íngremes de todo o percurso.

A subida mais íngreme fica logo no início, mas não é longa


Vegetação comum naquela altitude


A trilha segue por um vale entre as montanhas


Parada para descanso e para admirar as esculturas naturais


A trilha toda tem cerca de 7 km de extensão e possui subidas leves e retas durante seu percurso. Parece fácil, mas o efeito da altitude causa um cansaço muito grande, parecendo que o esforço feito é infinitamente maior dos que qualquer subida de grandes montanhas no Brasil. Tive que parar várias vezes para descansar. Aos poucos, a vista do paredão branco vai ficando cada vez maior.

Apesar do cansaço causado pela altitude, o foco era chegar no mirante do Aconcágua


Centenas de interessantes cavernas criadas pela erosão


Outras formações curiosas evidenciam placas sedimentares de rochas


MIRANTE DA PAREDE SUL

Às 14h15 da tarde cheguei no mirante, quase completando 5 horas de caminhada. O cansaço estava tao grande que antes de fazer qualquer coisa, deitei numa rocha protegida do vento para descansar e acabei dormindo. O interessante é que o cansaço era grande, mas quando eu parava, recuperava bem. Acordei e fui almoçar a comida que levei. Depois desse "pit stop" é que eu consegui aproveitar o local para admirar a paisagem e fotografar. Havia um vento bem gelado apesar do sol.

Mirante da Plaza Francia


Recuperando as energias com o "almoço"


Foi na Parede Sul do Aconcágua que em 1998 aconteceu uma tragédia envolvendo uma expedição de montanhistas brasileiros liderados pelo escalador Mozart Catão. A história desse acidente foi narrada no livro Montanha em Fúria. É possível escalar a Parede Sul, porém as regras de permissão do Parque são diferentes, incluindo ainda uma taxa de seguro para resgate de helicóptero. 

Cara a cara com a montanha mais alta fora da Ásia (6.962 m)


A "Pared Sur" do Aconcágua foi palco de histórias reais envolvendo a morte de montanhistas


RETORNO A CONFLUÊNCIA

Às 15h30 iniciei o retorno ao acampamento de Confluência. Apesar de predominar a descida no caminho, o cansaço era comum. Começou uma dor de cabeça de leve. Fiz outra parada para deitar (mas dessa vez não dormi) e cheguei em Confluência às 18h30. Foram 3 horas de caminhada na volta. Depois do jantar e de tomar uma Dipirona, apaguei na barraca de tanto sono. Acho que foi um dos dias em que mais dormi.

Chegada nos arredores de Confluência no fim de tarde


Acampamento de Confluência


O dia seguinte (terceiro do trekking) foi reservado para descanso. Era necessário para aclimatar melhor e preparar a musculatura para a subida até o campo base na Plaza de Mulas.


MAPA DO PARQUE DO ACONCÁGUA



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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.