Tailândia: Uma aventura na lendária Ponte do Rio Kwai

Evento da Segunda Guerra Mundial que inspirou um dos maiores filmes da história



Na cidade tailandesa de Kanchanaburi, perto da fronteira com o Myanmar, existe uma ponte construída durante a Segunda Guerra Mundial e com uma história tão fantástica que inspirou o filme chamado A Ponte do Rio Kwai (The Bridge on the River Kwai, de 1957). O roteiro foi baseado em um romance de 1952 que conta a história de prisioneiros de guerra britânicos capturados pelos japoneses que recebem a ordem de construir em plena selva uma ponte de transporte ferroviário sobre o rio Kwai Yai. O filme é considerado um dos maiores clássicos do cinema, ganhador de 7 Oscars e sendo eleito o 13° melhor filme da história dos EUA pelo American Film Institute.

Modelo de trem que era usado na antiga ferrovia


COMO CHEGAR?

Para chegar na ponte a partir de Bangkok, é possível pegar um táxi (80 baht) para o Terminal Sai Tai Mai e tomar um ônibus para Kanchanaburi (110 baht). Existem ônibus de 5h às 22h (saídas a cada 15 minutos).

Mas como meu objetivo era conhecer de perto a realidade da Tailândia e viver um pouco daquela história da ponte, minha opção foi chegar lá de trem, pela estrada de ferro histórica. O trem para Kanchanaburi sai da Estação de Thon Buri em Bangkok, do outro lado do rio. Para chegar na estação é possível pegar táxi (peça sempre o taxímetro), tuk tuk ou a opção mais barata: o ferry. Da estação Tha Phra Chan, atravessei de barco para a estação de ferry de Thon Buri. A travessia de ferry custou 3 baht. Já do outro lado do rio, caminhei eté a estação, passando por trás do mercado e aproveitei para comprar o café da manhã: uma palma de banana por 20 baht. Valores de 2016.

Travessia de ferry junto com os monges budistas


O caminho para a estação passa pelo Mercadão de Thomburi


Na Estação de Trem de Thon Buri, o trem para Kanchanaburi é o de número 257, partindo às 07h40. Não tem reserva, é chegar, comprar com destino a Nam Tok e desembarcar em Kanchanaburi. O trem percorre 138 km e chega por volta das 10h45. Outro horário de saída do trem de Thon Buri seria apenas às 13h55 (trem 259).

O trem para Kanchanaburi sai da Estação de Thon Buri


O trem é simples, com bancos de madeira


MUSEU DA FERROVIA DA MORTE

O museu está em frente à Estação de Kanchanaburi onde eu desembarquei. A ponte faz parte da chamada Ferrovia da Morte (Death Railway), construída durante a Segunda Guerra Mundial quando a Tailândia foi invadida por tropas japonesas. A construção da linha férrea buscava ligar a Tailândia à Birmânia (hoje Myanmar) e foram usados prisioneiros de guerra para isso. No museu estão expostos objetos pessoais dos prisioneiros, fotos, vídeos, depoimentos, máquinas e até veículos utilizados na época. Ao entrar no museu, ganhei um chá de cortesia. Não pode fotografar no interior. A entrada custou 140 baht (dezembro/2016). Mais informações no site do museu: http://www.tbrconline.com/

O museu fica perto da estação e do cemitério


Algumas cenas são simuladas por bonecos no museu


CEMITÉRIO DA GUERRA

Do outro lado da rua do museu está o cemitério onde foram sepultados cerca de 7 mil combatentes australianos, britânicos e holandeses. A construção da ferrovia, que deveria durar 5 anos, não chegou a 3 por causa das dificuldades. Originalmente, os mortos foram enterrados ao longo do trajeto da ferrovia, mas o registro permitiu identificar os restos mortais e trazê-los para o cemitério. Cada placa possui uma mensagem da família. A entrada do cemitério é livre e existe uma placa informando que, caso tenha alguém cobrando a entrada, o turista deve procurar a polícia. Também há um cemitério chinês, em estilo próprio. 

Entrada do Cemitério da Guerra de Kanchanaburi


Prisioneiros de várias nacionalidades morreram na construção da ponte


Cerca de 7 mil mortos na Guerra que forma sepultados aqui


A PONTE DO RIO KWAI

Do cemitério, fui caminhando até o local da ponte, que fica a 2,7 km (35 min andando). Originalmente, a ponte foi construída de madeira (como pode ser visto no filme) e destruída por aviões aliados em bombardeios. O Japão encomendou vigas de aço da Birmânia para uma segunda tentativa na construção, mas também foi destruída por aviões aliados em 1945. Algumas dessas vigas estão incorporadas na estrutura da ponte atual. O local da ponte original não é o mesmo cenário do filme que, na verdade, foi filmado no Ceilão (hoje Sri Lanka) e não na Tailândia.

A Ponte do Rio Kwai original


No largo em frente à ponte havia um letreiro relembrando sobre a II Guerra Mundial


A ponte também é usada por pedestres para cruzar o rio


Momento de reflexão sobre aquela ponte histórica sobre o rio Kwai Yai


Parte da estrutura está ali desde os tempos da Guerra


TEMPLO CHINÊS

Ao atravessar a ponte, descobri uma atração que eu não esperava: um incrível templo chinês aberto ao público. O estilo de arquitetura e combinação de cores é bem diferente dos templos tailandeses. Possui um belo jardim com estátuas e flores. É interessante observar a suástica representada na arquitetura do templo e até nas estátuas de buda no edifício principal, mostrando que este é um símbolo muito mais antigo que o nazismo e que sua simbologia é bem diferente do que era representada na guerra.

Templo Chinês de Kanchanaburi


O jardim do templo é todo decorado, tendo até um lago artificial


Três budas no altar principal do templo


A suástica no peito da estátua demonstra a simbologia sagrada mais antiga que o nazismo


A suástica presente em detalhes da decoração do templo


Em frente ao templo chinês existe essa tumba exótica e macabra identificada como de um soldado chinês. Não estava aberta e não havia placas explicando mais detalhes.

A placa sugere que o local é um memorial


A estranha tumba do soldados chinês


ESTAÇÃO DA PONTE DO RIO KWAI

O momento mais esperado do dia ainda iria acontecer. Por volta das 14h20 o trem retorna de Nam Tok em direção à Bangkok (Thon Buri) e para em uma pequena estação localizada após a ponte. Ao ouvir o apito do trem, os poucos turistas que estavam no local se aglomeraram para observar o trem atravessando a ponte histórica. Eu fiquei em um dos recuos no meio da ponte para presenciar aquela cena de perto. 

A pequena estação da Ponte do Rio Kwai


O trem se aproxima lentamente para atravessar a ponte


Depois de décadas, a lendária Ponte do Rio Kwai ainda é usada


Assim que o trem passou pela ponte, fui correndo de volta para a estação pois aquele mesmo trem seria o meu transporte para Bangkok. O ticket só é vendido 30 min antes do embarque. O trem 259 para Thon Buri parte de Kanchanaburi nos horários de 10h25 e 14h40. Tudo deu certo e consegui embarcar, chegando em Bangkok por volta das 17h40.

Missão cumprida naquela ferrovia histórica da Tailândia


A FAMOSA TRILHA SONORA

O mais marcante de A Ponte do Rio Kwai talvez seja a marcha que faz parte da sua trilha sonora. Ela foi escrita em 1914 por Kenneth J. Alford e adaptada para a trilha sonora do filme pelo compositor britânico Malcolm Arnold. Ele teve pouco tempo para compor a trilha que seria usada no filme e chegou a afirmar que seria "pior trabalho que já teve na vida" do ponto de vista do tempo. No final foi premiado com o Oscar de melhor trilha sonora. Veja abaixo uma das cenas mais famosas do filme, quando a tropa de prisioneiros britânicos chega no campo assobiando a marcha:

Cena do filme Bridge on the River Kwai (1957)


VEJA O VÍDEO

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CUSTOS (dezembro/2016)

- Ferry para Thon Buri - 3 bath
- Palma de bananas - 20 bath
- Passagem para Kanchanaburi - 100 bath
- Museu da Ferrovia da Morte - 140 bath
- Passagem para Thon Buri - 100 bath
- Ferry para Tha Phra Chan - 3 bath


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Comentários

  1. A verdadeira ponte do rio Kwai não foi destruída como no filme?

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  2. Como no filme, não. Na realidade, foi destruída por bombardeio aliado. Os japoneses insistiram, construindo outra, mas essa segunda também foi destruída por novo bombardeio que deu fim à construção.

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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.